Medicina do Estilo de Vida: entenda como a mudança de hábitos interfere diretamente na qualidade do envelhecimento
Você já ouviu falar em Medicina do Estilo de Vida? Essa é uma área de estudos que busca incentivar práticas que melhorem a saúde do paciente, prevenindo e tratando diversas doenças relacionadas a seus hábitos e seu estilo de vida.
Com o ritmo acelerado do mundo moderno, é comum que as pessoas acabem desenvolvendo alguns costumes em que sejam priorizadas a rapidez e a praticidade. Mas é aí que mora o perigo, pois, muitas vezes, práticas aparentemente inofensivas acabam dando origem às chamadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como a hipertensão, o diabetes e algumas doenças respiratórias.
Essas condições apresentam dois tipos de fatores de risco: os não modificáveis, como idade, sexo e herança genética, e os comportamentais, como má alimentação, sedentarismo, entre outros. A Medicina do Estilo de Vida atua de modo a reduzir esses riscos.
Se você quer saber mais a respeito do que é a Medicina do Estilo de Vida, quais são seus pilares e entender como essas práticas podem ajudar você a viver de forma mais saudável e plena, acompanhe nosso artigo que está recheado de informações!
Saiba o que é a Medicina do Estilo de Vida
Segundo o American College of Lifestyle Medicine (ACLM), a Medicina do Estilo de Vida, também conhecida pela sigla MEV, consiste na “aplicação terapêutica, baseada em evidências, de intervenções capazes de prevenir e tratar clinicamente doenças relacionadas ao estilo de vida”.
Essa deve ser uma abordagem multidisciplinar, pois tem o objetivo de capacitar as pessoas, com os conhecimentos necessários, a fazer mudanças comportamentais em diversas áreas da vida que atuam sobre as causas subjacentes do adoecimento. Isso significa que a MEV envolve não apenas médicos, mas também nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, etc. Profissionais de diversas áreas ligadas à saúde física e mental.
Para aprofundarmos o tema, entrevistamos o profissional de educação física Rondinei Lima, que reúne títulos que o qualificam como especialista no assunto: ele é mestre em Ciências da Saúde, tem formação em Lifestyle Medicine pelo ACLM, MEV em Harvard, é especialista em Gerontologia, titulado pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), e atua como coach de saúde do grupo Cynthia Charone. Ele explica que a MEV surgiu como prática complementar nos cuidados à saúde, integrando as condutas de estilo de vida aos procedimentos da medicina.
Indo além, Rondinei Lima ressalta: “Em um cenário de aumento de doenças crônicas, que respondem por cerca de 80% dos agravos à saúde da população, a MEV contribui de forma importante, pois proporciona a diminuição de peso, o controle de glicemia e de colesterol, a redução de níveis elevados de pressão arterial, estresse e muito mais”.
Conheça os 6 fundamentos da Medicina do Estilo de Vida
Para implementar as mudanças sugeridas pela MEV em seu dia a dia, é preciso que você conheça seus fundamentos básicos.
1. Alimentação saudável
Nutrir-se de forma adequada é essencial para quem deseja ter uma vida longa e saudável. Para atingir esse objetivo, os profissionais da saúde reforçam a importância de comer, pelo menos, cinco porções de frutas e verduras diariamente. Além disso, é preciso se manter hidratado, bebendo bastante água, principalmente nos dias mais quentes.
2. Atividade física
Manter-se fisicamente ativo também é um dos fundamentos da qualidade de vida. Rondinei Lima indica a prática de, pelo menos, 150 minutos de exercícios moderados (como caminhadas, ciclismo e musculação) e/ou 75 minutos de atividades vigorosas (como corrida e esportes de mais alta intensidade) durante a semana.
3. Sono adequado
A importância de um uma boa noite de sono é subestimada por algumas pessoas, mas se você pretende viver por muitos anos e esbanjar saúde, saiba que precisa dormir bem.
Durante o sono, seu corpo promove a regulação do metabolismo, a secreção de diversos hormônios, a consolidação de memória, entre outras atividades indispensáveis para o bom funcionamento do organismo. O recomendável é que você durma, em média, 7 horas por noite. Além disso, pequenos hábitos garantem a higiene do sono, como não manusear o celular 1 hora antes de dormir, não deixar as luzes ligadas antes e durante o sono e não se alimentar muito próximo da hora de ir para a cama.
4. Controle do abuso de substâncias tóxicas
O fumo e o consumo de bebidas alcoólicas são hábitos bastante nocivos para o organismo. O ideal é que você exclua essas substâncias da sua vida.
Mesmo quando falamos do consumo social de bebidas, por exemplo, é importante que se mantenha um controle. Um copo de cerveja ou uma taça de vinho em uma ocasião especial provavelmente não fará mal à saúde, mas se você tem o hábito de beber um pouquinho todos os dias ou mesmo todo fim de semana, pode estar, lentamente, causando danos ao seu corpo.
Lembre-se, ainda, de que a ingestão indiscriminada de medicamentos também pode prejudicar sua saúde. Tome apenas os remédios prescritos pelo seu médico e na dose indicada. Nada de se automedicar, ok?
5. Manejo do estresse
O estresse é um dos grandes vilões da saúde no mundo moderno, podendo gerar hipertensão, doenças cardiovasculares, ansiedade, entre outros problemas que reduzem a qualidade de vida.
Sabemos que a recomendação de se evitar o estresse, muitas vezes, soa vaga e difícil de seguir. Por isso, vamos dar algumas sugestões mais específicas do que você pode fazer para se esquivar desse mal: evite situações que causem ansiedade ou preocupação para você; faça uma análise da sua vida e identifique pessoas ou situações que lhe trazem desgaste emocional; se possível, afaste-se ou reduza seu contato com elas; pratique atividades que lhe tragam prazer; e procure se cercar de pessoas que lhe fazem bem.
6. Conexões sociais
A convivência próxima com pessoas queridas também é um dos pilares da qualidade de vida. Ao interagirmos de forma positiva com amigos e familiares, nosso organismo produz hormônios que trazem bem-estar, como a oxitocina e a serotonina.
Por isso, procure ter uma vida social ativa! Mantenha um grupo de amigos próximos, os quais você encontra periodicamente, seja para bater papo, seja para praticar atividades de interesse, e lembre-se de que a tecnologia também pode ajudar: faça ligações telefônicas ou chamadas de vídeo para se conectar com entes queridos que moram longe. O importante é não se isolar: mantenha-se em contato com quem você ama!
Entenda o impacto da Medicina do Estilo de Vida na longevidade
Como explicamos no início deste artigo, existem dois tipos de fatores de risco para o surgimento de doenças crônicas: de um lado, aqueles que são inerentes à pessoa (como fatores genéticos) e, de outro, os fatores que são decorrentes de hábitos inadequados. Seria natural pensar que a Medicina do Estilo de Vida atua apenas sobre o segundo grupo, mas, na verdade, ela vai além.
A Dra. Niele Moraes, médica colaboradora do grupo Cynthia Charone e coordenadora do Serviço de Geriatria e Gerontologia, bem como do Grupo de Ensino e Pesquisa, afirma: “A Medicina do Estilo de Vida pode alterar a expressão genética, aumentando a transcrição dos chamados ‘genes bons’ ao mesmo tempo em que ‘desliga’ genes com potencial de causar malefício, reduzindo, assim, a inflamação crônica e o estresse oxidativo, que aumentam o risco de desenvolvimento de doenças.”
Assim, ao propor ajustes no seu dia a dia e a adoção de hábitos mais saudáveis, a MEV pode contribuir diretamente com a sua longevidade!
Descubra como a Medicina do Estilo de Vida pode melhorar a qualidade de vida
É sempre bom lembrar que a longevidade por si só não basta: é importante que ela venha atrelada à qualidade de vida! Nesse sentido, a MEV atua evitando ou retardando o aparecimento de doenças, promovendo um envelhecimento ativo, com autonomia e independência.
Segundo a Dra. Niele Moraes, essa modalidade “comprovadamente reduz o risco de hipertensão, diabetes, obesidade, infarto, vários tipos de câncer, Alzheimer, melhora a imunidade e a sensação de bem-estar”.
Saiba como incluir a Medicina do Estilo de Vida no seu dia a dia
Para atingir os melhores resultados proporcionados pela MEV, é importante buscar o acompanhamento de profissionais qualificados.
A consulta com um geriatra é muito valiosa. Durante a consulta, o médico deverá perguntar sobre a rotina do paciente, avaliando hábitos relacionados à alimentação, ao sono, a atividades físicas e de lazer, à relação familiar e de amizade, a fatores de risco, etc. Com base nas respostas, o especialista estabelecerá, com o paciente, o plano de cuidados para prevenir e tratar doenças, dando aconselhamento sobre mudanças para a melhoria da saúde, além de estimular que a pessoa continue seguindo os hábitos positivos que já possui.
Os profissionais de educação física poderão montar um plano de atividades adequado à realidade do paciente, auxiliando-o no combate ao comportamento sedentário e na melhora da aptidão física, da força muscular, da flexibilidade e da capacidade cardiopulmonar. Assim como os fisioterapeutas atuam no acompanhamento dessas atividades e, em casos de lesões, na reabilitação dos assistidos.
Já os psicólogos e terapeutas ocupacionais desenvolverão um papel importante na manutenção da saúde mental, ajudando na redução do estresse, na melhora da qualidade das relações sociais e, caso necessário, até mesmo nas questões voltadas ao vício de substâncias nocivas, como cigarro e bebidas alcoólicas, a fim de que o paciente possa se libertar dessa condição.
Agora que você já sabe quais são os benefícios da Medicina do Estilo de Vida, encontre os profissionais certos para lhe acompanhar e comece a implementar essas mudanças em sua vida!
Este artigo foi esclarecedor para você? Então, confira também nosso post sobre envelhecimento ativo para profundar e complementar seus conhecimentos sobre hábitos capazes de melhorar sua saúde, a fim de que tenha maior qualidade de vida!
5 thoughts on “Medicina do Estilo de Vida: entenda como a mudança de hábitos interfere diretamente na qualidade do envelhecimento”